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“Você não tem qualidade de jogar na Real Madrid”: Petkovic relembra discussão com Campello ao Basticast

Convidado da semana do Basticast, Deján Petkovic abriu o jogo sobre a sua curta passagem pelo Real Madrid nos anos 90. Primeira contratação de Lorenzo Sanz, novo presidente do clube, o sérvio não foi utilizado pelo técnico Jorge Valdano devido a uma briga entre o mandatário e o comandante e foi emprestado ao Sevilla logo em seguida da negociação.

“Não é que eu joguei mal, eu não joguei. Eu era o primeiro jogador contratado pelo novo presidente. E como eles brigavam, eu não mais jogava. Mesmo que o auxiliar dele, Angel Maria, tenha me acompanhado seis meses, cinco meses em todos os jogos, ele aprovou minha contratação – que já estava feita – mas aprovou. E falou que eu não tinha nada a ver com isso e que não deveria pagar o pato”, explicou.

“Mas, beleza, aí eu fui para Sevilha, então não teve muito, tanto que sempre encontro com o Jorge Valdano, nunca teve briga com ele, nunca teve desrespeito, mas simplesmente me empurrou, né?”, relembrou Pet.

Mesmo após uma temporada longe, ao retornar, Pet também não foi aproveitado pelo treinador da época, Fábio Campello. Ao questionar o comandante sobre a sua ausência em campo, devido à excelente pré-temporada feita, o sérvio ouviu que não seria utilizado.

“Mister, posso conversar com você? Claro. Eu gostaria de ter uma oportunidade no meu campo, no meu lugar. Aí ele falou: ‘não. Eu prefiro você 70% como atacante do que 100% como meia’. E pra mim era uma tapa na cara. Pra mim isso era ofensa. Eu fiquei chateado demais. Porque dizer que 100% como meia, eu sou uma bosta. E 70% como atacante eu sou melhor do que 100% como meia? E realmente não sabia o que responder. Engoli aquilo. Falei, tá bom, vou continuar, vou esperar a minha chance”, relembrou.

Por não ter chance, Petkovic decidiu pedir ao clube para sair, já que não estava sendo usado. Porém o Real Madrid negou o pedido, pois alegou que o sérvio era o 12º jogador, a joia da equipe.

Os problemas com Fábio Campello continuaram ocorrendo, Pet continuou não jogando, até que chegou o momento em que o ex-jogador teve a oportunidade de falar com a imprensa. Após uma partida polêmica, em que resultou em um soco do sérvio no adversário, ele foi questionado do motivo de não ter jogado.

Pela primeira vez, Petkovic abriu o jogo à imprensa e contou exatamente tudo que acontecia nos bastidores do Real Madrid sob o comando de Fábio Campello. No dia seguinte, o sérvio recordou que foi chamado pelo técnico e questionado sobre o que teria dito na coletiva. No entanto, perdeu a paciência e os dois tiveram uma forte discussão com ofensas.

“O que que você falou ontem? Sinceramente, Mister, não sei, não lembro, não vi a televisão. Mas imagino que não foi nem 50% do que deveria ter falado. Aí você, não sei o quê, eu tenho que ver o jogo,  porque não podia,não sei o quê.  Mister, isso fala pra tua mulher e pros teus filhos em casa. Pra mim, já não vai falar mais nada. Então, o que você queria falar, você já falou, e já mostrou que você é mentiroso. Você sem vergonha, vou te dizer por que você não jogou, por que eu não vou te botar a jogar. Você não jogou, porque você não tem qualidade de jogar na Real Madrid. Pode até ser verdade. Mas se o senhor demorou seis meses pra descobrir isso, talvez o senhor não tem qualidade de ser meu treinador”.

Logo em seguida da discussão, houve uma coletiva em que Campello disse à imprensa que Petkovic não jogaria mais pelo Real Madrid por não ter qualidade e isso aconteceria enquanto ele fosse treinador. No dia seguinte, no entanto, o sérvio brilhou em campo durante o treino com a presença de veículos de mídia.

“Caiu neve em Madrid depois de sete anos. Fomos pro treino, todo o campo coberto da neve. 31 de dezembro. Fizemos o treino, aquele de diversão, de rachão recreativo, aquelas coisas. E chegaram, sei lá, centenas de repórteres. A televisão, toda a imprensa, esperavam a réplica da minha parte. Só que no treino, eu deitava e rolava. Primeiro, o espanhol não sabe jogar na neve, né? Não sei quantos gols fiz, de bicicleta, de voleio, de drible, e todo gol que foi eu caia assim ‘se eu tivesse qualidade, como eu jogaria? Se eu tivesse qualidade, eu ajudaria muito, o Real Madrid, né?”, relembrou aos risos

“Aí terminou, fui lá e eles perguntaram isso. ‘O Fabio falou essa coisa’, eu digo: ‘pois é. Muitos de vocês estão pela primeira vez aqui, mas aqueles que acompanham sempre sabem que, pelo menos 50% dos meus treinos, são dessa forma. Pois e eu jogo dessa maneira, porque não tenho qualidade. Provavelmente, se tivesse qualidade, jogaria melhor. Deu risada todo mundo”.

“Segunda não vai jogar mais,  o Fabio falou que tu não vai jogar, eu digo: ‘pois não vai mudar meu status, porque até agora também não joguei. Não vai mudar nada. A única coisa que me deixa tranquilo é que ele tem contrato mais dois anos, e eu tenho contrato mais três anos. Então eu vou jogar quando ele for embora. E aí, todo mundo deu risada, e isso, acabou a coletiva”.

No entano, Petkovic foi emprestado ao Racing Santander na temporada, onde ficou por um ano. Ao retornar ao Real Madrid, foi novamente negociado, agora para o Vitória, por duas temporadas. Com o fim do seu vínculo, o sérvio foi ao Venezia, onde ficou por um ano.

“Eles conseguiram arrumar o Racing para me enganar, me tirar do time”.

Ídolo do Flamengo, Pet fez sua primeira passagem pelo clube em 2000, onde ficou até 2002. Ele retornou ao Rubro-Negro em 2009 e ficou até 2011, quando anunciou sua aposentadoria. Pelo clube, marcou quase 60 gols em 198 jogos disputados.

Petkovic no Basticast

Dejan Petković revelou bastidores da sua carreira e principalmente as passagens por clubes como Real Madrid, Flamengo, Vasco, Fluminense, Santos, Vitória, Atlético Mineiro e Goiás. Petković comentou sobre a relação de amizade com Adriano Imperador e relembrou o famoso gol de falta pelo Flamengo contra o Vasco em 2001.

Nathalia Gomes

Gaúcha no Rio. Tenho forte ligação com tênis e com futebol desde a infância. Além de escrever sobre os esportes, também sigo de perto as rotinas de Gabriel Medina, Renato Gaúcho e Cristiane! Ah! Além de jornalista, também sou a mamãe do Joca :)

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