Por que os clubes desejam criar a Libra, nova liga do futebol brasileiro?
Os boatos da criação de uma nova liga para o futebol brasileiro surgiram em junho de 2021, por conta da crise na CBF envolvendo o ex-presidente Rogério Caboclo. Porém o projeto ganhou forças e, nesta terça-feira (03), os clubes se reuniram em um hotel em São Paulo para assinar um documento para dar seguimento à Libra.
No entanto, a reunião terminou sem acordo, e uma nova está programada para a próxima semana, dia 12, na sede da CBF, no Rio de Janeiro. Assim que o documento for assinado, a liga será lançada em evento solene na CBF. A expectativa é que isso ocorra ainda em maio de 2022.
Mas o que seria essa nova liga?
A ideia surgiu no meio do ano passado entre os presidentes do Flamengo, Rodolfo Landim, do Palmeiras (Mauricio Galliote, na época), e do Bahia, Guilherme Bellintani, para que os clubes tivessem mais controle do regulamento das competições brasileiras (Série A e B), assim como da captação das receitas, da divisão dos calendários (a fim de evitar um prejuízo devido às datas Fifa), e também para que as federações tenham menor poder político. Apesar de algumas mudanças, a ideia é continuar com os modelos de acesso à elite do futebol e também de rebaixamento. Todos afirmam que a liga, chamada de Libra, não deve ser encarada como uma cisão com a CBF.
O que foi decisivo para impulsionar o movimento entre os clubes foi o afastamento e após desligamento de Rogério Caboclo do cargo de presidência da CBF. As diretorias já haviam manifestado insatisfação com o ex-mandatário e, devido à ausência de um líder, facilitou a união entre os times. O atual presidente, Ednaldo Rodrigues, já se colocou a favor da intenção dos clubes.
Sobre os contratos, não há interesse em romper os que estão vigentes. A ideia é cumprir com o que já estiver assinado, especialmente no caso dos direitos de transmissão da TV Globo. Os clubes afirmam estar alinhados com a proposta da Cadajas Sport Kapital (CSK) para a criação da liga para o futebol brasileiro. A empresa tem o suporte do banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME). A Codajas garante que tem investidores interessados em aportar US$ 1 bilhão no projeto.
Na reunião que aconteceu nesta terça-feira, apenas oito clubes assinaram o documento de criação: Corinthians, Palmeiras, Bragantino, Santos, São Paulo, Flamengo, Cruzeiro e Ponte Preta. Apesar disso, nenhum time foi contra a ideia, porém o Athletico-PR, em particular, discordou de alguns pontos sobre o futuro da Libra. O presidente cogitou renunciar ao cargo caso não houvesse mudanças.
Os potenciais opositores do projeto fazem parte do grupo Forte Futebol, união de dez clubes considerados emergentes, além do Atlético-MG na figura de embaixador. A divergência gira entorno de uma cota financeira maior para esses clubes na divisão dos recursos dos contratos de direito de transmissão.
A proposta da CSK é de divisão com 40% dos valores fixos, 30% variável por performance esportiva e 30% por audiência. Já o grupo Forte Futebol quer a divisão seja de 50% dos valores fixos, 25% variável por performance esportiva e 25% por audiência.