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Ondas artificiais voltam a ganhar força após “apagão” na Olimpíada

Nas ondas de Teahupoo e de maneira frustrante, Gabriel Medina caiu na semifinal da Olimpíada de Paris para o australiano Jack Robinson e perdeu a chance de disputar a medalha de ouro no pico onde é um dos nomes a serem batidos na atualidade. A bateria chamou bastante atenção por um motivo inusitado e, novamente, trouxe à tona o debate sobre o futuro do esporte.

Ambos os surfistas são tube riders de altíssimo nível e poderiam apresentar grandes performances no mar do Taiti. No entanto, algo incontrolável por todos aconteceu: não havia ondulações o suficiente. O australiano até conseguiu um 7.83 e 4.50, totalizando 12.33 no somatório para avançar à decisão. Já Medina, por outro lado, deixou a bateria com simplesmente uma onda surfada, 6.33.

Na final, o mesmo aconteceu com Robinson, que sofreu com as condições e acabou derrotado pelo local Kauli Vaast. Isso também valeu para a disputa da categoria feminina, vencida pela norte-americana Caroline Marks sobre Tatiana Weston-Webb.

O jeito como terminou a competição nos Jogos reacendeu a discussão sobre o uso de ondas artificiais em competições, que oferecem alternativas a fatores da natureza longe do controle da organização. Em Los Angeles, sede da próxima edição, já existe a possibilidade da mudança.

Solução à falta de ondas

A grande vantagem de uma disputa em piscina é o domínio sobre as condições. Por exemplo, diferente de o que ocorre no mar, é possível “produzir” ondas a qualquer momento do período do campeonato. Isso significa que todos os atletas têm a mesma quantidade de chances de somarem pontos em uma bateria, nos mesmos cenários determinados.

Além disso, a preocupação com a janela da realização da disputa passa a não depender de um swell. Ou seja, a ida dos atletas ao mar para baterias em mares mexidos e/ou ruins também é desnecessária.

Critério de julgamento

Outro ponto que entra em debate e pode ser otimizado é em relação ao critério utilizados pelos juízes. Em ondas artificiais e com formatos padronizados, comparar a apresentação de cada atleta e julgá-lá com uma nota tende a ser uma tarefa menos complicada.

A discordância de resultados é comum no esporte. Não foi diferente na Olimpíada: uma das polêmicas durante a competição aconteceu quando Caroline Marks teve um 3.00 com apenas uma manobra, enquanto Tati tirou 4.50 realizando mais manobras – a alegação é que a diferença entre as notas teria que ser maior, o que poderia dar o ouro para a brasileira na final.

Surf Ranch

Localizada na cidade de Lemoore, no interior da Califórnia, há uma piscina de ondas artificiais cotada para receber a modalidade nos Jogos de 2028. Trata-se do Surf Ranch, de Kelly Slater.

Criado pelo 11 vezes campeão mundial e maior nome da história do esporte, o local já recebeu diversas etapas do Circuito Mundial da WSL. Filipe Toledo venceu uma vez, enquanto Medina ficou com o troféu em duas ocasiões.

O funcionamento do Surf Ranch ocorre a partir de um hidrofólio, que puxa e empurra a água. Carregado por uma espécie de trem, movido em uma pista de 700 metros e 150 pneus de caminhões, o sistema é formado e gera ondas longas para a direita e esquerda.

Filipe Toledo em ondas aritficiais
Filipe Toledo durante disputa no Surf Ranch – Foto: WSL/Heff

Ainda é cedo para a definição, porém, no momento, é uma real possibilidade para abrigar o próximo surfe olímpico.

Trestles

Mesmo com o debate aquecido, é preciso lembrar de Trestles. O “parquinho”, que é localizado na Califórnia, é o atual palco das finais da elite do Circuito Mundial e, em seus dias favoráveis, proporciona ondas manobráveis de alta qualidade para os surfistas. Também surge como uma das opções para a próxima Olimpíada e possui o lado cultural a seu favor.

Leonardo Rodrigues

Formado em Jornalismo e pós-graduando em Mídias Digitais e Gestão de Conteúdo. Atuo, sobretudo, com a produção de análises e palpites direcionados para apostas esportivas, além de acompanhar o cenário do surfe.

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