Jogador relata suposto esquema de suborno para manipular resultados de jogos na terceira divisão do RS; Polícia e MP investigam
O futebol gaúcho tem se deparado com denúncias de supostas manipulações de resultados. A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio Grande do Sul investigam a suspeita de suborno a atletas para a manipulação de resultados dos jogos de futebol de divisões inferiores, principalmente de uma partida da terceira divisão do Gauchão, após goleada do Bagé por 7 a 0 sobre o Farroupilha. Essas informações são do “GE”.
Um goleiro, que atuou na competição e que prefere não ser identificado, diz ter sido procurado por um homem que ofereceu até R$ 5 mil para forçar a derrota do seu próprio time.
“Ele botou um valor estimado de três, quatro, cinco mil reais por jogo, pra que eu fizesse o que eles mandassem. Eu posso não ter realizado o meu sonho cara, mas eu segui todo o conselho toda a ética que a minha mãe me deu, todos os passos que ela me deu, eu prefiro não ganhar aquele dinheiro”, relatou o atleta.
Mas não é só isso. Por trás da oferta, tem um homem que faz apostas em sites da internet. Ou seja, as plataformas permitem arriscar palpites no resultado da partida, em número de chutes a gol, cartões, passes e uma infinidade de indicadores do jogo. Quanto menos provável o palpite, mais dinheiro o apostador ganha, se acertar. E, para forçar esses resultados, os apostadores tentam comprar os jogadores.
Um integrante da comissão técnica do Farroupilha, time de Pelotas que disputou a terceira divisão, revelou que ficou desconfiado durante o jogo em que a equipe perdeu por 7 a 0 para o Bagé.
“A gente sabe que hoje nas casas de apostas também dá pra se apostar nos escanteios, além dos resultados e dos gols. No quinto escanteio, teve uma situação mais estranha ainda que a bola tava quase saindo e o goleiro resolveu meter a mão na bola e dar mais um escanteio para o Bagé. Aí todos que estavam no campo se olharam e viram que realmente as coisas que estavam se pensando no meio da semana estavam acontecendo, que era a venda do jogo para o Bagé ou para alguém”, afirmou.
Após o pedido de solicitação da Federação Gaúcha de Futebol, a polícia começou as investigações devido a um relato do dono de um clube da capital, o Harmonia, ter revelado que foi procurado por dois homens que ofereceram dinheiro. O suposto esquema de manipulação virou processo judicial a partir da denúncia feita pelo promotor Flávio Duarte.
“Fomos acionados pela Federação Gaúcha de Futebol a partir da Promotoria do Torcedor que nos encaminhou alguns documentos. Mas principalmente o relato de uma pessoa que sofreu uma abordagem de dois supostos empresários relacionados ao futebol com a proposta que esse dirigente, que na verdade era proprietário de um clube do interior, poderia receber R$ 20 mil caso manipulasse o resultados de jogos”, contou Duarte.