Futebol365 Entrevista

Igor Gomes exalta Felipão e Diniz, analisa temporada do Atlético-MG e abre o jogo sobre Coudet: “Sempre me respeitou muito”

Por Eduardo Statuti e Gabriella Brizotti

Em boa fase no Campeonato Brasileiro, o Atlético-MG tem contado com o “coringa” Igor Gomes como amuleto durante a temporada. Autor de gols importantes e decisivos, o meio-campista abriu o jogo ao 365Scores, exaltou o trabalho de Felipão, analisou a temporada do Galo e ainda falou sobre a relação que teve com Eduardo Coudet.

“Para mim tem sido muito legal aqui no Galo. Foi uma mudança muito positiva para mim. Acredito que tem sido uma temporada muito boa, apesar de não ter tido muitos minutos como titular, mas acredito que fiz boas partidas, tive sequências, entro recorrentemente nos jogos. Foi uma temporada muito positiva. Fico feliz, estou motivado vestindo a camisa do Galo, conhecendo uma cidade nova, me sinto bem recepcionado pelos mineiros aqui e espero fazer cada vez mais grandes partidas e ter boas atuações com a camisa do Galo”, afirmou o jogador.

“Tem sido um prazer trabalhar com o Felipão. Uma pessoa com tamanha história dentro do futebol. Quando eu tiver meus filhos, vou falar para eles: tá vendo essa pessoa aqui que ganhou a Copa do Mundo? O papai já trabalhou com ele. É uma pessoa com coração muito grande, que assim como todos os treinadores passa novas informações para gente, passa o que precisamos melhorar. É uma pessoa que já trabalhou com pessoas de todos os níveis, é importantíssimo para a carreira de qualquer jogador. É um prazer dividir vestiário com ele, é uma pessoa que agrega para qualquer jogador”

Igor Gomes
Foto: Pedro Souza / Atlético

Recentemente, Paulinho afirmou em entrevista ao canal do jornalista Duda Garbi no YouTube que o técnico Eduardo Coudet tinha boa relação com o elenco e até teria feito um churrasco de despedida. Ao 365Scores, Igor Gomes ressaltou o tratamento respeitoso do técnico argentino.

“Vou falar por mim. O Coudet sempre me respeitou muito. Quando eu decidi sair, o Coudet me ligou, disse que gostaria de trabalhar comigo, me tratou bem desde o início. Uma pessoa muito boa, trabalhadora, e são coisas do futebol, que acontece. Apesar de eu não ter tido uma sequência muito grande com ele, é um cara que eu gostava, admirava. É uma pena, mas acho que é um cara que ainda vai vencer muito no futebol, seguirá mostrando o trabalho dele para as pessoas e tenho certeza que vai colher bastante também”, revelou o meio-campista.

“Amuleto” do Galo e fase goleadora

Nesta temporada, Igor Gomes participou de 49 partidas pelo Atlético-MG, oscilando entre jogos como titular e outros em que saia do banco, com cinco gols marcados e duas assistências. Entretanto, apesar de não ser um dos artilheiros da equipe, o jogador já foi decisivo ao balançar as redes em algumas oportunidades importantes na temporada, como contra Red Bull Bragantino, Internacional, Libertad e Alianza Lima.

“Tem sido muito bom, porque é uma coisa que eu me cobro bastante. Acredito que está longe do ideal ainda, que os jogadores tops da minha posição fazem muito mais, mas estou em um caminho bom. Evolução é o que eu sempre busco, mas por ser adaptação, primeiro ano, time novo, tudo muito novo, acho que foi um ano muito positivo. Apesar de ter entrado ora sim ou não como titular, fico feliz porque é algo que me cobro bastante, chegar na área, fazer gols, mas o mais importante de tudo é o Galo sempre estar vencendo e eu ajudando com gols ou assistências”, afirmou o meio-campista.

“Tiveram dois momentos que me marcaram. O primeiro foi o jogo contra o Alianza Lima, que eu fiz dois gols. Não tem como não falar desse momento, foi quando me apresentei para a torcida do Atlético. Fui escolhido para ser titular e fiz os dois jogos”, relembrou Igor Gomes.

“Outro jogo foi contra o Athletico, dentro de casa, pela Libertadores. Esse jogo me marcou pela torcida. Saímos perdendo por 2 a 0, quando entrei no segundo tempo, a torcida insistiu, não parou de gritar, fiquei muito animado, o ambiente estava muito bom. O Coudet com aquela gana da Argentina, sempre motivando, a torcida cantando, conseguimos virar o jogo, dei uma assistência. Mas a torcida gritando foi marcante para mim. O ambiente que a massa faz nos estádios, principalmente agora na Arena MRV tem sido algo especial para mim”, complementou.

Veja outros trechos da entrevista de Igor Gomes ao 365Scores:

Trabalho com Diniz

“Trabalhar com o Diniz foi muito bom, é um treinador único, acho que o trabalho que ele faz, nenhum outro treinador vai fazer. Ele visa muito o lado humano do atleta. Ele recuperou jogadores que ninguém esperava, jogadores que tenho a certeza que são muito gratos a ele, pelo que ele fez na vida dessas pessoas. Além de ser uma pessoa muito técnica, que ajuda a evoluir, passa confiança e faz acreditar no estilo de futebol que ele tem. É um estilo muito agressivo, de muita posse de bola, movimentação, exige bastante do físico e da técnica do atleta, e ele também é uma pessoa que exige bastante no dia a dia. O Diniz está no meu Top 3. Além de grande jogador, uma grande pessoa que vou levar para o resto da minha vida.”

Evolução do Atlético-MG no segundo turno do Brasileirão

“Esse primeiro turno foi ruim, não só para o Galo, mas para grande maioria dos times, com exceção do Botafogo, todos os times oscilaram. A cobrança interna foi para que não oscilássemos, mas a virada de chave foi quando fomos eliminados da Libertadores. Foi uma noite muito dolorosa, sentíamos que podíamos avançar mais na Libertadores, mas sabíamos da qualidade do nosso rival e sabíamos que seria 50 e 50. Talvez pecamos no primeiro tempo do primeiro jogo e jogos assim são feitos de detalhes. Mas quando fomos eliminados, sabíamos que só teríamos o Brasileiro, nos fechamos e pensamos que era o nosso campeonato, íamos brigar jogo a jogo e tínhamos que subir na tabela. Foi quando nos fechamos ainda mais e acreditamos muito no nosso trabalho e hoje estamos colhendo. Conquistamos o primeiro objetivo que é chegar no G6, agora queremos chegar no G4 e quem sabe, se alguns resultados acontecerem, e se os resultados acontecerem, brigar pelo título.”

Papel de “coringa” no Atlético-MG

“Para ser bem sincero, eu sei como funciona hoje, que o pessoal fala que um jogador tem que jogar em mais funções. Desde o início da minha formação em Cotia, nós fomos estimulados a jogar dessa maneira e talvez por isso seja essa a minha facilidade de fazer várias funções. Aconteceu isso no Galo, no São Paulo, é uma das minhas valências. Mas se eu pudesse escolher, ia querer trabalhar em uma única função, porque sabemos como funciona, quanto mais estímulos a gente tem naquela determina posição, mais fácil fica, mais caracterizado vai ficando o jogo. Mas como sou um funcionário, cumpro ordens de um treinador, tenho que ver o que é melhor para o Galo. As funções que são determinadas procuro fazer da melhor maneira. Me sinto bem e o importante é estar jogando e vencendo.”

Sonho com Seleção

“É o meu principal objetivo hoje (seleção brasileira), acredito que tenho condições de conseguir esse objetivo. Para mim é o máximo de um atleta brasileiro vestir uma camisa tão pesada como essa, trabalho pesado todos os dias dentro e fora de campo. Hoje é o meu principal objetivo. Mas tenho o sonho de ganhar títulos com o Galo, de jogar na Europa, mas hoje meu principal objetivo é vestir a camisa da seleção, porque isso é para poucos jogadores, mas é o máximo e é o marco que fica para qualquer um como atleta.”

Início da carreira

“O futebol para mim começou muito cedo, eu sempre quis ser jogador de futebol, não me lembro alguma outra vez que eu pensei em ser outra coisa. Sempre falei para o meu pai que queria ser jogador, ele sempre me apoiou e fez de tudo para eu realizar meu sonho. Sempre me passou confiança, disse que eu tinha capacidade, me motivou. Ainda que as coisas lá em casa nem sempre eram as melhores, ele sempre me motivou, me levou até os lugares. Tive esse período até chegar ao CT de Cotia. Joguei no América de Rio Preto, Paulista sub 9, 13, 11, nas categorias mais velhas. Essa foi minha transição. E basicamente a minha trajetória no São Paulo começou quando eu tinha 7 ou 8 anos, estava jogando na categoria mais velha, aí tinha um olheiro e disse que estava selecionando jogadores para montar um time e jogar contra a categoria do São Paulo, ele chegou, falou com meu pai, disse que queria me levar ao amistoso. Meu pai permitiu, fizemos o amistoso, empatamos com o São Paulo, e aí eles aprovaram cinco jogadores. Eu tinha oito anos, fui um dos primeiros da categoria a chegar. Quando completei 9 anos fiz meu primeiro teste no São Paulo e aí fiquei até o profissional, agora cheguei no Galo e estou feliz.”

Principais amigos no Atlético-MG

“Nessa minha trajetória pude conhecer muita gente, considerar muitas pessoas. Eu já tinha o contato de algumas pessoas do Galo. O próprio Guga, eu falei com ele antes de vir. O Pedrinho ja estive em algumas convocações com ele, o Paulinho, o Fuchs conversamos antes. Mas um cara que me deu uma força no início foi o Allan, até porque ele é do interior, a gente conversou, ele me chamou para sentar próximo dele no vestiário, me apresentou para o grupo, me deu toques de onde morar, o que conhecer em Belo Horizonte, não poderia deixar de citar ele. Foi uma pessoa que realmente foi muito bacana comigo neste início de trajetória no Galo.”

Diferenças nos estilos de Coudet e Felipão

“O Coudet gosta de um jogo mais intenso, mais vertical, que talvez demanda tempo para ter resultados, mas acredito que foi feito, obtivemos resultados. Com o Felipão também, ele implementou a maneira dele, um jogo sem muita ordem, um jogo mais livre, mas são estilos de jogos muito bons. Muito legal vivenciar esse momento com o Coudet, um cara vencedor, que agrega bastante, sabe muito do futebol moderno que temos hoje. Felipão também tem um trabalho diferenciado, que ele dá toques, agrega, a cada jogador de diferentes funções. A diferença é mínima porque são dois caras vencedores, que gostam de verticalidade e tem o período de adaptação, mas o time se encaixou bem rápido.”

Contato com as revelações do São Paulo

“Eu tenho contato com grande parte da minha categoria, das mais velhas. Graças a Deus, essa parte da minha carreira, quando abrimos mão da nossa infância, da nossa casa, eu fiz grandes amigos. Mas minha infância não deixou de acontecer, porque eu ainda vivi esse meu lado de criança, quando me diverti, sempre com muita responsabilidade. Sabemos que é um ambiente diferente, mais parecido com um quartel, principalmente em Cotia, mas é muito marcante. Tenho uma gratidão enorme com o pessoal que me formou, não só como atleta, mas como pessoa. O dia a dia é muito bom, o São Paulo também priorizou não deixar a gente muito nessa bolha, nessa coisa de só CT e jogo. O São Paulo permitiu que fizéssemos amizades fora do futebol, deu uma boa escola Não perdi minha infância, mas agreguei ela de maneira diferente. Conheci novas pessoas, de outros estádios, de outras realidades. Foi muito legal as experiências que tive em Cotia. O que sou em hoje em dia, posso dizer que foi muito por esse período em Cotia.”

Título Paulista com o São Paulo

“O Crespo contou uma história que quando ele foi jogar a Premier League, o Chelsea estava em uma situação muito parecida com a gente, e os jogadores se reuniram e todo mundo concordou em abrir mão das férias para ficar treinando e iniciar a temporada muito bem. Na minha opinião foi uma tacada de mestre, porque enquanto o pessoal estava se divertindo, nós trabalhamos bastante, todos abdicamos das férias, e colhermos resultados. Fomos campeões em cima do rival, talvez não foi um título de maior expressão, mas foi o suficiente para tirar o São Paulo da fila. Foi um título muito importante, que coroou um trabalho do Diniz junto com o Crespo. Trabalhar com o Crespo foi uma experiência muito grande, um grande jogador, grande técnico, pessoa impar. Também tenho o prazer de dizer que fui treinado por esse cara, sem dúvidas uma das pessoas que mais deu toques e agregou para mim.”

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