Exclusivo 365Scores: Humberto Simão, técnico do RB Bragantino feminino, analisa crescente do futebol feminino no Brasil
Contratado pelo RB Bragantino para assumir o comando da equipe feminina em 2023, Humberto Simão conversou com exclusividade com o 365Scores e abordou diversas questões sobre o mercado feminino no futebol brasileiro e a realização da Copa do Mundo Feminina, em 2027, no Brasil.
Além disso, o comandante exaltou a estrutura do time paulista, que tem a marca RedBull como investidora, comentou os objetivos da temporada e também falou sobre seleção brasileira olímpica, que buscará o ouro inédito em Paris.
Pela primeira vez na história, o RB Bragantino teve uma atleta convocada para a seleção principal feminina: Emily. No entanto, a atacante não integrou a lista final de Arthur Elias para os Jogos Olímpicos. Mesmo com a ausência, Humberto avaliou positivamente a ida da jogadora aos treinos do Brasil.
Para o comandante, uma convocação para a seleção principal significa que seu trabalho está sendo visto, assim como o de suas atletas, e isso abrirá portas no futuro se o trabalho em alto nível for mantido.
“A gente está mais perto do que a gente imagina! Cabe a nós continuar trabalhando bastante para conquistar esses espaços que temos condições de conquistar. A gente teve uma convocada para esse grupo profissional, isso já nos mostra que a gente está sendo observado, que as atletas estão próximas. 18 atletas é um grupo muito curto”, começou
“Eu acho que isso é mais um passo, a gente precisa continuar trabalhando e desenvolvendo as atletas. Em breve, principalmente depois da Olimpíada, que geralmente é quando tem uma reformulação maior, as nossas atletas precisam estar prontas para aproveitar as oportunidades. Eu tenho certeza que elas estão sendo vistas, as oportunidades serão dadas para quem merecer, e isso é uma das falas que eu tenho com elas, não vai ser a seleção Arthur Elias que vai oportunizar ninguém, elas vão conquistar o espaço delas”, completou.
Sobre o futebol feminino no Brasil, Humberto acredita que o que falta no mesmo é tempo, já que o trabalho tem sido feito por ele e por diversos clubes. Além disso, o treinador alertou que os frutos não serão colhidos rapidamente, pois o esporte precisa criar “raiz”.
“As equipes estão se estruturando, as categorias de base já iniciaram, cada vez mais comissões técnicas de qualidade para desenvolver as atletas, para desenvolver as meninas da base, tecnologia no dia-a-dia das comissões, então a gente precisa continuar disseminando o futebol, ter mais meninas jogando, ter mais meninas sabendo que tudo bem jogar, que ali na esquina tem uma equipe,eu acho que isso é muito importante e precisa de tempo”.
“A gente não vai colher os frutos daqui a seis meses, as coisas precisam criar raiz, precisam ficar robustas. E nesse meio do caminho a gente não pode parar de fazer. A gente precisa, como comissão técnica, continuar estudando o jogo, entendendo o jogo, desenvolvendo as atletas, e as atletas cada vez mais se profissionalizando, chamando o protagonismo da competição”.
“Os clubes investindo no marketing, no desenvolvimento, na ampliação do mercado do futebol feminino para que as pessoas saibam que está acontecendo e dali tem um jogo próximo para elas acompanharem.Então é uma roda que se retroalimenta e para isso precisa de tempo, mas eu tenho certeza que a gente está no caminho certo”, opinou Humberto.
O profissional também analisou a estrutura disponibilizada pelo RB Bragantino ao futebol feminino desde a sua chegada e como a marca RedBull influencia no dia-a-dia do clube.
“A empresa Red Bull tem como cultura, como filosofia, a excelência. O que se propõe a fazer, faz bem feito. Aí quando ela compra o Bragantino e tem essa fusão, inicia pela obrigatoriedade pelo futebol feminino com um planejamento a longo prazo. Eu cheguei em 2021, o departamento era muito menor, uma outra estrutura. Cada ano que passou, esse departamento cresceu,tanto em número de pessoas, qualidade estrutural, equipamentos, tecnologia. É um departamento de futebol feminino que vai crescendo para todos os lados nesse ano, ao longo dos anos, sem dar os passos maiores que a perna”, pontuou.
Mesmo com o rebaixamento em 2022, o clube não deixou de investir em atletas e estrutura, algo que foi visto como bons olhos pelo experiente treinador.
“Em 2022, a gente caiu. A gente não teve corte, muito pelo contrário, a gente teve uma melhor estruturação, adequação, para que mantivesse a marca do Red Bull, RB Bragantino, disputando alto, onde a empresa gosta de estar”.
“Eu não posso afirmar com toda certeza, mas eu acredito que a gente tem a melhor estrutura de futebol feminino do país, exclusivo para a gente, só nós. Isso mostra o carinho, a atenção, o valor que o clube dá ao futebol feminino, e ano a ano a gente vai ainda melhorando, evoluindo, para a gente conseguir fazer as coisas da maneira mais orgânica e colher os frutos ali na frente”.
Após o rebaixamento, o RB Bragantino voltou com força para seguir entre os melhores times do Brasil. Humberto analisou os objetivos para a temporada e também a situação da equipe nos torneios. Atualmente, o clube disputa o Brasileirão Feminino, em que busca uma vaga nas quartas de final, e também o Paulistão Feminino.
“Seria muito fácil para mim chegar aqui e falar como treinador que o nosso objetivo é tudo, a gente quer ganhar tudo. Mas no dia-a-dia, principalmente com os campeonatos se interligando numa fase muito conturbada do ano, que foi maio, junho, fica difícil manter o foco nas duas, por mais que a gente tenha um elenco muito qualitativo”, começou.
“Inicialmente, o nosso foco foi o Campeonato Brasileiro. A gente não conseguiu dar tanto valor ali no iniciozinho do Campeonato Paulista, mas hoje já está brigando diretamente pela classificação entre os oito do Campeonato Brasileiro e a gente está em quinto no Paulista também com chances reais de classificação entre as quatro primeiras equipes, que é o nosso objetivo”.
“Então, quando a temporada se desenhou, as duas competições juntas, a gente demandou mais energia no Campeonato Brasileiro. Sim, isso é um fato, porém hoje a gente se encontra na possibilidade de classificação nas duas competições, que é o nosso cenário ideal e obviamente é o que a gente busca”, finalizou.
Treinador desde 2009, Humberto assumiu o RB Bragantino feminino após passagem de seis anos pelos Estados Unidos. Primeiramente, ele chegou para ser auxiliar da categoria profissional e também técnico da categoria de base.
No entanto, com a saída da treinadora Rosana Augusto, que foi para a seleção feminina sub-20, Humberto foi promovido e assumiu o time principal feminino do RB Bragantino.
“Com certeza, foi a melhor escolha que eu poderia ter feito. Tinha algumas outras possibilidades, mas tinha certeza que a escolha certa a se fazer era assumir o time, um planejamento de carreira. Então, eu optei por aceitar esse desafio”.
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