Torneio de Wimbledon: saiba a história do único Grand Slam disputado na grama
Um dos quatro torneios que foram os Grand Slams, Wimbledon é conhecido por sua elegância e tradição. Disputado nas gramas, o torneio foi criado em 1877 e é disputado em Londres. Em 2024, ele chega a sua 137ª edição em 2024 com regras de vestimenta e horário, seguindo a pontualidade britânica. Confira detalhes da história do torneio mais charmoso do tênis.
O início de Wimbledon: críquete e primeiro torneio de tênis
Wimbledon foi o lugar que transformou o tênis em um esporte competitivo. Sua história começa em 1868, quando All England Club foi criado para disputas de críquete, com sede da Worple Road. Em 1875, ele passou a ter quadras de tênis, e no ano seguinte o major Walter Clopton Wingfield patenteou a nova modalidade na Inglaterra.
Assim, o clube decidiu organizar um torneio de tênis, em 1877, cobrando inscrição e oferecendo um troféu ao vencedor. A única dificuldade encontrada era padronizar as regras, um tanto confusas à época. Um conselho então redigiu normas que permanecem inalteradas até os dias de hoje, com exceção à altura da rede e dos postes, além da distância da linha de saque em relação à rede.
O primeiro campeonato disputado foi de simples masculino com chave de 22 jogadores. Spencer Gore, jogador de críquete, inscreveu-se de última hora. Cerca de 200 pessoas pagaram um shilling de ingresso para assistir à final.
As quadras foram arranjadas de forma que a principal ficasse ao meio do espaço e as demais em volta. Surgiu assim a Quadra Central. No entanto, o clube decidiu mudar sua sede para atual Church Road, e essa disposição acabou sendo alterada. Apenas em 1980, quando foi comprado um terreno ao norte e construídas novas quadras, a ideia da Quadra Central voltou às origens.
O sucesso do tênis foi tão grande que praticamente encerrou com a disputa do críquete no local. O termo foi retirado do nome em 1882, mas por motivos sentimentais acabou reincluído em 1899. Permenece até os dias de hoje, embora pouquíssimos jogos de críquete sejam disputados atualmente.
Entrada das mulheres em Wimbledon
Em 1884, houve a primeira competição feminina, com 13 jogadoras, e Maud Watson ficou com o título. No mesmo ano, começou a ser disputado o torneio de duplas masculino através de troféu doado pelo Oxford University Lawn Tennis Club.
Conforme a popularidade de Wimbledon crescia, as facilidades para os espectadores aumentavam. Lugares fixos foram substituindo gradualmente as acomodações temporárias para que o público, sempre crescente, pudesse assistir aos gêmeos Ernest e William Renshaw, que juntos ou não ganharam 13 títulos entre 1881 e 1889.
Na virada do século, Wimbledon assumiu notoriedade internacional. Em 1905, a norte-americana May Sutton tornou-se a primeira estrangeira a ganhar o torneio, feito repetido pelo australiano Norman Brookes dois anos depois. Desde então, apenas apenas dois britânicos levantaram o troféu, Arthur Gore e Fred Perry.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os jogos em Wimbledon foram suspensos, e o All England Club sobreviveu graças a doações de membros. Quando voltou à ativa, em 1919, o torneio passou a contar com uma nova geração de jogadores.
A francesa Suzanne Lenglen, que dá nome a uma quadra em Roland Garros, acabou com o domínio inglês em simples feminino, que durava 35 anos, ao vencer Dorothea Lambert Chambers. O ano de 1920 marcou a chegada do norte-americano Bill Tiden, um dos maiores jogadores da história do tênis.
Segunda Guerra Mundial e Wimbledon
Durante a Segunda Guerra Mundial, o clube permaneceu aberto, porém com poucas atividades relacionadas ao tênis. As instalações foram usadas pela Defesa Civil, incluindo corpo de bombeiros e ambulatórios.
Em 1940, uma bomba alemã atingiu a Quadra Central, destruiu parte do teto e resultou na perda de cerca de 1.200 lugares. Em junho e julho de 1945, com o final dos conflitos, soldados disputaram partidas na Quadra 1. Em agosto, foi disputado o Campeonato Americano Europeu, com vitória de um britânico que servia as Forças Armadas dos Estados Unidos.
Em 1946, com grande esforço e muitas limitações, Wimbledon recomeçou seu tradicional campeonato. As quadras acabaram totalmente reformadas em 1949. A única coisa que não mudou foi o domínio norte-americano, período marcado por conquistas de Jack Kramer, Tony Trabert, Maureen Connolly e Althea Gibson.
A década de 60 passou a ver a ascensão do tênis australiano, que chegaria até 1970. Entre os grandes nomes, estiveram Lew Hoad, Neal Fraser, Rod Laver, Roy Emerson,John Newcombe e Margaret Smith. A grande exceção foi Maria Esther Bueno, que conquistou seu primeiro triunfo em 1959 e acabou com a festa americana. A brasileira fez história vencendo mais duas vezes, em 60 e 64, além de erguer cinco troféus de duplas.
A Era Aberta
Com a expansão das viagens aéreas em 1950, os estrangeiros tiveram maior facilidade em participar do torneio. Ao mesmo tempo, os jogadores começaram a receber ajuda financeira. Em 1959, então, foi proposto que as disputas fossem aberta a todos os jogadores, extinguindo assim a restrição ao tenistas que se tornavam “profissionais”. A ideia foi rejeitada pela Federação Internacional e pela Associação Britânica. Em 1964, nova tentativa foi feita, mas outra vez barrada.
Em agosto de 1967, oito “profissionais”, que haviam feito história em Wimbledon na era amadora, participaram de um torneio de convidados para marcar o início das transmissões em cores de Rede BBC. Por fim, em dezembro do mesmo ano, a Associação Britânica decidiu abrir seus torneios da temporada seguinte a todos os tenistas e isso acabou forçando a Federação Internacional a fazer a reunião de maio de 1968, em Paris, que marcou o início da chamada “Era Aberta”.
Rod Laver e Billie Jean King foram os primeiros campeões da nova fase de Wimbledon. O total de prêmios naquele ano beirou as 26 mil libras esterlinas.
No entanto, Wimbledon sofreu o maior boicote da história do esporte em 1973. 81 dos principais jogadores decidiram não competir, em represália à suspensão dada pela Federação Iugoslava a Nikki Pilic, que havia se recusado a disputar a Copa Davis.
Ainda assim, mais de 300 mil espectadores foram ao torneio, que teve como vencedor do tcheco Jan Kodes e o histórico sexto troféu da norte-americana Billie Jean King.
Tradições e Particularidades de Wimbledon
Wimbledon é conhecido não apenas pelos incríveis jogos de tênis que apresenta, mas também por suas tradições distintas e características únicas que o diferenciam de todos os outros torneios. Um dos pontos é o código de vestimenta.
O torneio exige que os jogadores vistam predominantemente branco durante as partidas (todos os jogadores não podem entrar em quadra com mais de 10% de cores que não sejam o branco). Tonalidades fluorescentes são terminantemente proibidas e inspeções nas estrelas do espetáculo são realizadas antes de cada ida ao palco de jogo. Em caso de “excesso de cores fora da regra”, os fiscais locais não hesitam em mandar o jogador flagrado fora da regra trocar sua vestimenta.
Essa normal reflete os valores de modéstia, elegância e fair play associados ao esporte. Além disso, o branco também ajuda a manter a tradição de prestígio e uniformidade visual das quadras de grama, criando uma atmosfera única e distinta que é instantaneamente reconhecível como Wimbledon.
Os tenistas são sempre chamados sempre chamados pelos árbitros de “Senhor” e “Senhora”, dependendo de seu gênero, é claro. Os juízes de cadeira, por sinal, têm uma vestimenta característica, com camisa e calça social e sapatos, além de um elegante blazer. Os fiscais de linha não vestem o blazer por causa da mobilidade, e as mulheres usam saia, em vez de calça.
Os troféus dados aos campeões são exatamente os mesmos desde 1886, no caso das mulheres, e 1887, para os homens. Os tenistas nunca carregam suas bolsas quando pisam em quadra; tal tarefa é tradicionalmente feito pelos boleiros, altamente treinados e escolhidos a dedo para o trabalho
Outra tradição é a comida. Desde o primeiro torneio realizado são consumidos os famosos morangos com creme (strawberries and cream). O motivo? A fruta era considerada chique na época (tempos vitorianos), acompanhada de um tradicional chá da tarde, e a data do primeiro campeonato de Wimbledon foi exatamente na estação dos morangos.
Anualmente, são vendidos nos treze dias do torneio toneladas da fruta, que são colhidas às vésperas do consumo e inspecionadas às 5h30, no horário inglês. Em 2019, a organização de Wimbledon inovou e, além da opção tradicional, há também a versão vegana do creme — “para se adaptar às mudanças no gosto dos britânicos”, disseram. Além do doce típico, são vendidos o famoso chá inglês e cafezinho.
Tecnologias usadas em Wimbledon
Inteligência Artificial
A organização do torneio de 2023 optou por permitir a entrada da IA em Wimbledon. A tecnologia comentou os melhores momentos das partidas no site e no aplicativo oficial da competição. Além disso, determinou a dificuldade das chaves de cada jogador do quadro de simples até a final.
Hawk-Eye
Hawk-Eye é um sistema tecnológico usado em alguns esportes a fim de ajudar o árbitro a tomar uma decisão correta. Amplamente utilizado no tênis, rugbi e críquete, ele é um programa de informática que capta, por diversos ângulos, a trajetória de vários objetos ou pessoas.
Em 2007, o Hawk-Eye, sistema de chamadas eletrônicas mais popular do tênis, estreou em Wimbledon. Em 2008, a Federação Internacional de Tênis — juntamente com a ATP e WTA — unificou as regras relacionadas à tecnologia.
Nos principais torneios, cada jogador tem direito a 3 desafios por set. Caso o atleta estiver correto, a pedida não é perdida. Em situações que a partida vai para o tie-break, cada tenista recebe uma chance de questionar marcações dos árbitros.
O Hawk-Eye não serve apenas para árbitros e jogadores durante o jogo. No tênis, as revisões são exibidas nos telões das quadras, causando um momento único para os espectadores da partida.
Além de elevar o nível do espetáculo e do jogo, o sistema também é utilizado por atletas e treinadores para aumentar o desempenho. Com a ajuda da tecnologia é mais fácil gerar estatísticas e analisar os pontos fracos por meio das diversas câmeras.
Partida mais longa da história de Wimbledon
No torneio de 2010, Nicolas Mahut x John Isner entraram para a história. Os dois protagonizaram o jogo mais longo disputado em Wimbledon. Após 11 horas e 5 minutos, Isner derrotou o adversário, e a partida precisou ser dividida em 3 dias. O francês tentou bastante, marcando, inclusive, 103 aces, porém o norte-americano foi melhor em quadra.
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