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Exclusivo 365Scores: Caçula do Brasil nas Paraolimpíadas, nadador Vitinho fala sobre expectativa para Paris

Com o fim das Olimpíadas de Paris, as atenções estão voltadas agora para as Paralímpiadas, que começa no dia 28 de agosto. O Brasil é um dos países favoritos ao pódio nas oito modalidades que disputará, sendo a natação uma delas.

Nas piscinas, inclusive, um dos representantes será o mais jovem da delegação brasileira: Victor Santos Almeida, mais conhecido como Vitinho. Em entrevista ao 365Scores, o nadador de 16 anos contou como foi a classificatória para representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos e também sobre ser o mais novo.

“Nas últimas semanas, eu estava bem nervoso. Fazia muito tempo que eu não ficava tão apreensivo com alguma coisa. Mas, chegando perto, meus treinos começaram a engatilhar, comecei a treinar em uma crescente muito boa. Eu cheguei bem confiante no dia, bem confiante. O aquecimento fazia tempo que ele não encaixava 100%. Todos os tiros, todas as viradas que a gente estava fazendo, todos os progressivos estavam perfeitos, perfeitos, perfeitos”, começou.

Foto: Divulgação/Instagram

“Então, fui tranquilo para a prova, fui tranquilo. Só que eu não esperava aquele resultado, foi um resultado muito bom. Foi abaixo do tempo que tinha. O índice era 1.365 e eu nadei para 1.288. Foi a quarta menor marca de 2024. Foi incrível, foi um momento, um êxtase absurdo. Eu não sei o que eu fiz na comemoração, só subi em cima da raia, dei um soco na asa, bati na água e, nossa, eu gritei. Foi incrível, foi incrível”, relembrou Vitinho aos risos.

“Foram 19 semanas até a seletiva de treino sem parar. De segunda a sábado. Da seletiva até Paris foram mais 16 semanas de treinamento. Então, treino não faltou para chegar preparado. Eu me dediquei ao máximo mesmo. E eu, sendo mais novo, no meio de grandes inspirações, que antes, na última Paralimpíada, eu estava com 13 anos assistindo eles na TV, sabe? E agora eu estou do lado deles”, acrescentou.

Após a classificatória, Vitinho foi apresentado à delegação que viajará para Paris em busca do ouro. O nadador contou como foi a recepção por parte da equipe, além de ressaltar todo foco que teve durante todos os anos de trabalho.

Foto: Divulgação/Instagram

“Eu sempre os vi treinando. Não era a mesma equipe, não era com os mesmos técnicos, mas eu treinava no mesmo local. Isso sempre foi um espelho para mim. Onde eu olhava e falava: ‘um dia eu vou estar ali com eles’. Sempre foi a minha meta. Eu sempre mostrei muita admiração para eles. Então eles me abraçaram muito. Eles sempre me deram muito carinho, muita atenção. E é muito gostoso, sabe? Eu me sinto um ‘caçulinho’, um mascotinho de todo mundo”.

Vitinho ainda deixou claro o orgulho que sente em ir para Paris representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos, vestir o uniforme da seleção, tudo isso sendo o mais novo da delegação.

“Ah, é meu orgulho, né?”, disse Vitinho, que exaltou o trabalho feito pelos pais para que fosse possível realizar esse sonho: “Sem minha mãe, sem meu pai, nada seria possível. Todo apoio emocional, minha alimentação”.

Foto: Divulgação/Instagram

Mãe de Vitinho, Marcia Cristina também falou sobre as vitórias do filho e a classificação para Paris. Para ela, ‘a felicidade dele foi maravilhosa’ e que foi ‘muito gostoso’ viver tudo isso.

“Ah, só deu para chorar (risos). A gente viu o esforço dele, a gente viu cada dia, a correria, e ele sempre lá focado, mesmo cansado.  A gente via que ele estava cansado, mas ele nunca falou nada, que queria parar, que queria descansar aquele dia. Pelo contrário, se pudesse, ele estava sempre dobrando todos os dias. E foi muito gostoso. A felicidade dele foi maravilhosa”.

Sempre ligado nas redes sociais, Vitinho se prepara para as disputas de Paris e chegou a compartilhar com seus 13 mil seguidores os uniformes para os Jogos Paralímpicos do Time Brasil.

Outros trechos da entrevista de Vitinho

Início na natação

Desde bebezinho, minha mãe e meu pai sempre tiveram um sonho quando eles tivessem um filho, eles colocaram ele na natação. Com três meses, já comecei a ir pra natação, que já serviu como uma fisioterapia. E aí fui seguindo. Com meus cinco anos, foi a minha primeira competiçãozinha, tipo, nessas academias mesmo. Eu amei a vibe, amei a sensação. Aos oito anos, fui fazer um teste no Corinthians, porque eu queria uma coisa mais séria, né? Eu conversei com meus pais, a gente estava atrás de vários clubes. O Corinthians foi o que abriu as portas, só que ele não tinha atleta paralímpico na época. Logo depois, a gente foi indicado para o Centro Paralímpico, onde eu estou hoje, no CPB. Na época, não tinha equipe para os mais novinhos. Foi aí que eu entrei já direto na base da seleção. Eu fiquei na base até o ano passado, onde eu fui convocado para a minha primeira seleção principal. Hoje estou na principal também. Sempre fui o caçula. Até na seleção de jovens, eu era o mais novo.

Diagnóstico da deficiência

Assim que eu nasci, minha deficiência foi uma surpresa para os meus pais, porque não foi constatada em nenhum ultrassom. Eu tenho toda a estrutura de uma perna normal, só que tudo mini. O fêmur é curto. É como se fosse do tamanho de um caroço de feijão. Não se desenvolveu como o esperado. E o joelho dele é colado no quadril.

Santiago

Santiago, sem dúvida, foi a minha maior conquista até o momento. O recorde Parapan-Americano permanecia o mesmo há 16 anos, se eu não me engano. E na minha primeira participação, já bati ele, na eliminatória e na final. E agora eu tô nadando do lado deles, um pouco na frente. Então é muito legal isso. E ainda escutar o hino do Brasil, olhar pra arquibancada, a câmera tá na minha mãe e no meu pai, chorando.

Rotina de treinos

Eu treino de segunda a sábado. Tem dia de dobra, dia de circuito, dia de academia. Segunda eu tenho três treinos. Academia e treino na piscina de manhã. Aí tem a dobra de tarde na piscina. Terça-feira eu tenho circuito na academia e treino na piscina de manhã. Quarta-feira é nosso treino regenerativo, então é só uma rodada de manhã na piscina. Quinta-feira é a nossa série controle, tem manhã na piscina, e o treino de tarde. Sexta-feira é academia e depois vou direto pra piscina de manhã. Sábado é só um treino na piscina. Eu amo isso, eu amo. Eu acho que eu não consigo viver sem piscina.

Vitinho fora das raias

Gosto de ficar aqui no meu quarto, jogando videogame, escutando minhas músicas. Gosto, sim, de sair com meus amigos, tudo. Obviamente, não vou pra balada como eles vão. Eu tenho uma rotina de atleta, né? Mas sim, eu tenho bastante amigos da escola, sempre que dá a gente se encontra no fim de semana. Gosto, adoro ir praia, adoro praia, amo praia. Eu gosto de passar o máximo do meu tempo distraindo a minha cabeça, fazendo coisas que não me fazem pensar na minha rotina, sabe? Que realmente é, tipo, muita coisa. Muita responsabilidade. É uma vida gostosa, mas é uma vida cansativa. Então, me distraio o máximo possível, e acho que a coisa que eu mais faço é jogar videogame no meu tempo livre.

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Nathalia Gomes

Formada em Jornalismo desde 2016, sou uma gaúcha no Rio que tem forte ligação com tênis e futebol desde pequenininha. Também acompanho de perto a vida e rotina de Gabriel Medina! Ah! Além de jornalista, também sou a mamãe do Joca :)

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