Marcada para começar no próximo dia 28, a Paralimpíada de Paris terá uma emoção diferente para Kétyla Teodoro, atleta que representará o Brasil nas pistas de atletismo. Em entrevista exclusiva ao 365Scores, a corredora que esteve presente na última edição dos Jogos, em Tóquio, sem público por conta da pandemia, afirmou que o estádio lotado “fará muita diferença”.
“Eu espero que os Jogos de Paris tenham muito mais emoção que o anterior, em Tóquio. Infelizmente não teve torcida, só tínhamos nossos colegas da delegação para torcer pela gente, e o estádio vazio é muito triste (risos). Mas agora em Kōbe (Japão) a gente teve o Mundial, com platéia, e fiquei muito feliz. Acredito que ficar no estádio lotado vai fazer muito a diferença e que vou conseguir dar o meu melhor na pista”, disse Kétyla.
Além disso, Kétyla Teodoro falou sobre a oportunidade de estar presente na maior delegação da história do Brasil em Jogos Paralímpicos, com 274 atletas. Segundo a atleta, isso mostra o maior espaço que pessoas com deficiência estão conseguindo na sociedade.
“Eu estava na delegação anterior, que era bem menor, e fazer parte de uma que tenha 274 atletas, é muito legal e bacana. A gente vê que o movimento está crescendo, com novos atletas, e que estamos ganhando cada vez mais espaço”
Kétyla Teodoro
A corredora aproveitou a oportunidade para enaltecer o trabalho feito pelos atletas paralímpicos e as difíceis barreiras que eles precisam superar para alcançar o alto nível do esporte. Em tom de brincadeira, ela disse que são “super-hérois”.
“Os atletas paralímpicos possuem muitas dificuldades, que são superar o dia anterior, treino anterior, sempre pegar mais peso, ganhar mais massa, perder gordura, superar as dificuldades diariamente, e ainda tem o fator da deficiência. Eu brinco que nós somos super-heróis“, iniciou,
“Um atleta olímpico é um herói, e nós somos super-heróis, já que a gente acaba fazendo um pouquinho além do que a nossa deficiência permite. Consegue imaginar uma pessoa com 5 a 10% de visão correndo a 28, 30 quilômetros por hora? É isso que a gente faz, damos nosso melhor e máximo todos os dias!”, celebrou.
Por fim, Kétyla comentou sobre sua trajetória no esporte e a brusca mudança que houve no cenário dos Jogos Paralímpicos desde 2012, quando iniciou sua carreira. Sobre inclusão social, ela ressaltou que as portas se abriram ainda mais no Brasil após os Jogos de 2016, no Rio de Janeiro.
“Eu ingressei no esporte paralímpico há 12 anos, em 2012, e era uma dimensão completamente diferente de hoje. Eu não conseguia mensurar o tamanho do que é e está se tornando o esporte paralímpico hoje. Claro que sempre temos a mentalidade de querer que ele cresça, mas não imaginava que seria assim, fico muito feliz. O Brasil tem abraçado muito o esporte, temos visto muitas potências na base e na juventude, e é isso que a gente precisa. Que continue assim!”, iniciou a corredora.
“Falando um pouco sobre inclusão social, o Brasil tem melhorado muito. Após os Jogos do Rio, em 2016, as portas se abriram mais, o brasileiro parou de pensar que “o cadeirante era um coitado” e um “cego era tadinho”. Eles conseguiram ver, no próprio país, as maiores potências do mundo. Na época tínhamos grandes nomes do esporte paralímpico. O evento foi muito importante para a inclusão social, dentro de casa. Foi transmitido mais, inclusive, já que foi no Brasil”, concluiu.
Kétyla Teodoro é uma atleta de atletismo e uma das grandes representantes do Brasil para os Jogos de Paris 2024. Ela nasceu em Rolim de Moura, em Rondônia, e é portadora da doença de Stargardt. Enxergou até os 13 anos de idade, quando sua visão começou a piorar e ela se tornou baixa visão.
Na busca por uma medalha inédita em uma Paralimpíada, a brasileira já conquistou, ao longo de sua carreira, o pódio em outras competições.
Confira as conquistas de Kétyla Teodoro, atleta paralímpica do Brasil:
- Open de Atletismo Paralímpico
- Ouro – 400 metros (Lima 2022)
- Prata – 200 metros (Lima 2022)
- Jogos Parapan-Americanos
- Bronze – 400 metros (Lima 2019)
- Grand Prix de Berlim
- Prata – 200 metros (Berlim 2018)
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