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Exclusivo 365Scores: Kau Xacriabá do parataekwondo fala sobre sonho de disputar os jogos paralímpicos

As Paralimpíadas estão próximas de começar, e os atletas já estão em preparação para o evento que promete muitas medalhas para o Brasil. Dentre eles, está o atleta de Parataekwondo, Kau Xacriabá.

Nascido em Minas Gerais, mas residente da cidade de Osasco, grande São Paulo, o atleta disputa a modalidade desde 2018, e está convocado para seus primeiros Jogos Paralímpicos.

“Me chamo Claro Lopes, mas todo mundo me conhece como Kau. Eu treinava Muay Thai e jiu-jitsu de 2014 até 2016, mas em 2016 sofri um acidente de trabalho, em que perdi a mão e o punho. Ai, fiquei uns meses sem treinar. Quando sofri esse acidente estava próximo de uma luta de Muay Thai, não consegui competir. Mesmo após o acidente, eu voltei a treinar com jiu-jitsu e Muay Thai, mas em 2018 eu conheci o Parataekwondo. Eu vim no centro paraolímpico, o CPB, conheci o centro, conheci o técnico da seleção brasileira, ai eu migrei do Muay Thai para o Parataekwondo. Em 2018 tive minha primeira competição. Em 2019 fui campeão brasileiro e assim foi. Em 2022, eu consegui a vaga na seleção brasileira, no classificatório que ocorreu no Rio de Janeiro e valia vaga para o pan-americano em Santiago. E eu consegui a vaga e hoje estamos aí na batalha”, conta o atleta em exclusiva ao 365Scores.

Indígena, Kau busca trazer ainda mais representatividade para seu povo e também para o esporte paralímpico. Inclusive, o atleta adotou o nome ‘Xakriabá’ como um codinome para honrar suas origens.

Reprodução/Instagram

“Sou indígena, antigamente meu Instagram era Kau Oliveira, mas aí o pessoal, depois que entrei nas competições, disse para eu colocar meu nome referente a minha terra, minha origem. E o nome da minha aldeia é Aldeia Indígena Xukurank Xakriabá, mas aí pensei em colocar Kau Xacriabá para representar meu povo”, explicou Kau.

Disputando a categoria até 80kg, Kau descobriu o parataekwondo devido ao contato de uma moça que conheceu na época em que se recuperava do acidente de trabalho e dependia do INSS para seus direitos trabalhistas.

“Fui influenciado por uma moça. Quando sofri o acidente, o INSS me colocou de volta na empresa em 2018, e aí eu conheci a técnica do time do São Paulo, que é de amputados. Ela me chamou para ser goleiro da equipe, porque na linha só jogavam pessoas com amputação na perna. Ai eu disse que não gostava de jogar futebol, mas gostava de praticar lutas. Ela passou meu contato para o Alan Nascimento, que é o técnico da seleção brasileira da parataekwondo, ele entrou em contato comigo, me disse para ir ao centro paralímpico, e lá conheci o esporte e comecei a disputar”, celebra.

Oitavo do Ranking Mundial

Seis anos na disputa da modalidade, Kau conseguiu, neste ano de 2024, alcançar a oitava posição dentre os melhores do mundo na modalidade. Isso foi uma conquista tremenda para o atleta, que também conseguiu, neste ano, a classificação para a paraolimpíada.

“É uma representatividade muito boa. Quando comecei a competir estava em 24ª, mas aí comecei a rodar internacional, fui subindo minha classificação e hoje sou o oitavo do ranking. É de extrema importância, porque no começo estava bem abaixo do ranking, mas coloquei meta de terminar o ano entre os dez primeiros, e agora estou em oitavo. Esse será meu primeiro jogos paraolímpicos que vou disputar, dá aquela adrenalina, frio na barriga, ansiedade, mas é aquele nervosismo bom, não para atrapalhar. É uma alegria estar representando o Brasil, em uma competição tão importante. Não vejo a hora de estar lá e começar a lutar”, afirmou o atleta.

Caminho até Paris 2024

Apesar de ser um dos melhores do mundo na modalidade, Kau teve que percorrer um grande caminho para garantir a classificação para os jogos paraolímpicos. O atleta teve que desbancar concorrentes estrangeiros, brasileiros e até mesmo superar uma grande lesão para ter a oportunidade de lutar em Paris.

“Eu entrei na seleção em 2022, comecei a rodar o circuito internacional, fui competir na Austrália, Coreia, México, fui para Santiago, no Chile, e quando voltei, estava eu e outro atleta, o Joel Gomes, da mesma categoria que eu, e o pessoal resolveu fazer uma seletiva entre nós dois, um melhor de três, para ver quem iria representar o Brasil no classificatório na República Dominicana. Cerca de 20 dias antes, eu quebrei o braço”, iniciou o atleta.

“Depois, foi um processo complicado, mas eu lutei com o braço mesmo quebrado, porque se eu desistisse, a vaga já era do Joel. Meu técnico me apoiou e eu decidi lutar e foi a decisão mais certa que eu tomei. Na República Dominica, quem saísse campeão conseguiria vaga na Paraolimpíada. Eu lutei contra um americano, fiz final contra Aruba, fui campeão e sai com a vaga garantida”, afirmou Kau.

Futuro

Agora classificado, Kau já está em Paris e espera a estreia da competição. Sua primeira luta está marcada para o dia 31 de agosto, quando enfrenta o atleta do Cazaquistão nas oitavas. Nas quartas de final, enfrenta o atleta da Coreia, e o restante dos adversários dependerá do chaveamento.

“O parataekwondo precisa de visibilidade, não só o parataekwondo, mas o esporte paralímpico no geral. Em Tóquio tinham três atletas e o Brasil foi campeão por equipe, e agora vamos com seis atletas, o dobro, é muito importante ver que o esporte tá crescendo e a tendência é crescer cada vez mais”, celebrou Kau.

Com isso e buscando a visibilidade do esporte, Kau finaliza com um conselho para quem deseja iniciar na modalidade.

“Não pode desistir, deve acreditar no sonho até o final, ainda que tenham dificuldades. É seguir seus sonhos, treinar e ter fé que vai dar certo, focar, dar seus 100%, seu melhor e acreditar que é possível e será possível”, finalizou.

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Gabriella Brizotti

Formada em jornalismo pela Unesp, sou uma apaixonada pelo esporte em geral, principalmente o futebol. Atualmente morando em Buenos Aires, na Argentina, escrevo sobre futebol argentino e futebol geral. Acompanho de perto o dia a dia do São Paulo Futebol Clube e também dos atletas Endrick, Deyverson e Philippe Coutinho.

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