Futebol365 Entrevista

Exclusivo 365Scores: Daniel Bessa fala sobre carreira nos Emirados Árabes e revela histórias com Felipe Melo e Ibrahimović

Por Eduardo Statuti e Gabriella Brizotti

Há mais de um ano no futebol dos Emirados Árabes, Daniel Bessa pode pintar no Brasil em 2024, uma vez que seu contrato com o Ittihad Kalba vai até o meio do ano que vem. Em entrevista exclusiva concedida ao 365Scores, o meio-campista falou sobre seu momento no futebol árabe, sua passagem pelo Brasil e pela Itália, além de histórias com Felipe Melo, Ibrahimovic e Totti.

“Foi uma mudança grande, estou há mais de um ano aqui, minha segunda temporada. Foi uma escolha de vida, estou gostando bastante. É diferente, mas eles estão evoluindo bastante, a explosão que teve na Arábia Saudita respingou nos Emirados Árabes, foi sempre um país que junto com ele e o Catar, são os campeonatos árabes mais fortes. Estou em um momento muito feliz, maduro, depois de 11 anos na Itália, saindo do Brasil, um retorno no Goiás, um ano triste pela pandemia”, disse o jogador.

google news Logo
Google Notícias

“O que às vezes dificulta para nós, se adaptar a horários noturnos, um calor muito grande. Às vezes queremos treinar, mas falam que não vamos aguentar, porque o calor é diferente. Temos que nos adaptar ao ritmo deles, mas não dá para perder o que aprendemos que é o certo. Temos que misturar, aí temos tudo para sobressair aqui. Muitos batem e não tem o que esperam porque não passam pela barreira da adaptação. Às vezes sem torcida, dependendo dos jogos, alguns tem, mas muitos não. Temos que achar outra motivação, essas coisas temos que encontrar e trabalhar sem perder a motivação”, explicou Daniel Bessa sobre a adaptação ao novo país.

“A decisão calhou em um momento que tudo estava acontecendo. Fui pai, meu contrato com o Verona estava terminando. Fui de férias para o Brasil, recebi propostas brasileiras e italianas, quando estava para fechar com o Panathinaikos, chegou o pessoal do Emirados Árabes. Comentei com a minha esposa, ela falou para pedirmos para Deus, pensar, o que for para ser, será. E em dois dias eles vieram muito fortes, propuseram dois anos de contrato, conhecer lá, fiquei aqui uma semana e acabei fechando. Gostei bastante. Me prejudica enquanto jogador, porque jogamos menos, mas ajuda muito enquanto pai e marido, porque fico em casa. Até como atleta, porque tenho que treinar mais por descansar mais também”, relembrou.

No início de sua carreira, o meia trabalhou nas categorias de base da Inter de Milão, onde atuou com grandes estrelas do futebol mundial, como Samuel Eto’o, Thiago Motta, Felipe Melo e enfrentou jogadores históricos como Totti, Cristiano Ronaldo e Ibrahimović. No papo com o 365Scores, Daniel Bessa revelou histórias com os jogadores e uma “irritação” do atual jogador do Fluminense.

“Tem várias (histórias), não muita coisa do que o pessoal já sabe. Mas o Felipe Melo, eu não era tão jovem, em um treino, ele estava no outro time e ficou bravo por uns três, quatro dias, ficou sem falar comigo. “Me deixaram no outro time”, ele dizia chateado. Tem um coração bom, mas demorou uns quatro dias para voltar a falar comigo por causa de um treino. Ai vi, o sarrafo é alto para os caras até no treino”, relembrou Bessa aos risos.

Foto: Claudio Villa – Inter/FC Internazionale via Getty Images

“Eu tive o privilégio de jogar com vários. Dos que peguei no início da carreira, o mais diferenciado era o Eto’o, fazia tudo parecer fácil. Um que me impressionou e hoje é treinador, não sabia que era brasileiro quando conheci, foi o Thiago Motta. Conheci ele no primeiro dia no profissional, ele alto, no bobinho, no treino, ele não errava nunca. Acabou o treino, ele veio falar comigo, dar conselhos, e eu me espantei. À noite fui procurar sobre a carreira dele, ir ao estádio assistir ele. Não é o tipo de jogador que o garoto olha no jogo, mas é impressionante o nível, não errar passe, cobertura, o timing do jogo, todos os jogadores davam a bola nele. Todos os jogadores que jogavam com ele, desde o Ronaldinho no Barcelona, na Genoa, na Inter, os caras falavam que o jogador que mais comentavam, que a mídia não estava junto era o Thiago Motta”, relembrou o jogador.

“Que eu joguei contra, que achei absurdo, foi o Ibra, porque ele era muito forte, a gente se sentia uma criança jogando perto do cara, não tinha como roubar a bola, na primeira passagem dele no Milan. O Maicon também, era um trem, absurdo. Um jogo foi marcante quando estava no Genoa, quando marquei um gol de cabeça e o Cristiano Ronaldo marcou o deles. O Totti, quando jogava contra ele em Roma, era absurdo. Se ele tocava na bola, mesmo de costas, a gente ouvia a torcida”, contou Bessa.

Confira outros trechos da entrevista de Daniel Bessa:

Reforços no futebol dos Emirados Árabes

“Aqui não teve tantos nomes que a gente conheça, de estrelas. Teve o Iniesta, o Pjanic, muitos jogadores que estão atuando como eu, até 30 anos. O que está mudando é que eles querem aumentar o número de estrangeiros. Eles acabam pegando muitos jovens, que depois acabam se naturalizando, pegando passaporte. Não tenho como falar de antes, mas eles comentam que está ficando mais forte. Do ano passado para este, senti que está mais forte”.

“Foi um pouco abaixo pela idade, mas ainda segue sendo o Iniesta. Se olharmos o Fluminense, com jogadores de 40 anos que ainda estão rendendo. Ele ainda está na ativa, acredito que tenha sido uma questão de marketing também. Mas ele está jogando. Longe de ser o jogador que foi, meu ídolo, mas está jogando. O Paco Alcácer foi para o time dele também. Na Arábia Saudita podem ter muitos estrangeiros, aqui só podem cinco. No meu campeonato não pode ter goleiro estrangeiro. O Alisson, nunca veremos ele aqui, até mudarem a regra, mas pode ir para a Arábia Saudita. É um mercado mais fechado”.

De olho no futebol brasileiro

“Acompanho bastante, até porque tem um grande amigo que está no Brasil que é o Éder, do Criciúma. Sempre que posso, vejo. Mas as vezes por causa do fuso horário só consigo ver no dia seguinte, não em casa no final do dia. Mas para ver meus amigos e os times que eu gosto, é direto”.

“Estou feliz e realizado aqui, mas tenho contrato até junho. Quero dar o meu melhor aqui, tentar a classificação para a Champions League da Ásia. Mas não me vejo longe do Brasil, tenho o desejo de jogar no Brasil. Sei como as coisas funcionam, viagem, rotina, e quero ir pronto quando receber a proposta. Quero jogar o Campeonato Brasileiro inteiro, tirar a soma no final. Vai depender muito do clube, do interesse, do momento que eu estiver”. 

Torcida por Felipe Melo na final da Libertadores

“Com certeza, tive uma passagem rápida (com ele). Fiz a pré-temporada, os caras me abraçaram super bem, o Felipe, o Miranda. Ele merece, tem o jeito dele. Conversei com ele no Instagram, desejei boa sorte. Eu falei para ele, vai pegar o Boca, tem que ser campeão, fica aquela torcida para o seu amigo e um clube brasileiro ser campeão”.

Amigos nos Emirados Árabes

“Ano passado, eu vim jogar aqui, acabamos escolhendo morar em um condomínio de casas e um menino que me ajudou muito foi o Rafael Dodô, do Atlético-GO. Ele também estava com esposa e filhos, foi quem me ajudou a me adaptar, sobre tudo, do açougue à escola das crianças. Não quer dizer nada, que tem um brasileiro e ele teria a obrigação de ajudar, mas temos vontade de estar próximo das pessoas da nossa cultura”. 

Início no Athletico-PR e no Coritiba

“Passei pouco mais de um ano no Athletico-PR. Mas sempre joguei no Coxa, futsal e base, mas como era muito novo, o Coritiba tinha alguns problemas, cortando as categorias de base com o rebaixamento. Fui para o Athletico, todos meus amigos foram, fui também. Já tinha o Petraglia, já se falava muito do clube, já tinha o CT do Caju. O Petraglia sempre foi muito visionário. O Athletico tinha ganho o Brasileirão, vinha crescendo. Tudo que acontece hoje é fruto daquele trabalho. A base já tinha muito investimento. Começou a acontecer que muitos jogadores que queriam ir para o Rio Grande do Sul ou São Paulo, desejavam ir para o Atheltico-PR”.

Passagem pela Inter de Milão

“A Inter de Milão foi o clube que me fez me tornar jogador de futebol. Se não saio da minha rotina, da minha cidade, da minha rua. Quando vou para a Inter, se torna tudo futebol. Eu vejo que aquela escolha, graças a minha mãe e meu irmão, fez com que me tornasse jogador. Muitos não chegam porque jogam na mesma cidade, se perdem um pouco. Como fui em um clube muito sério, queriam que eu desse certo, até hoje diretores me parabenizam por eu estar jogando é algo positivo. Tenho muita gratidão pela Inter. Não joguei no profissional como gostaria, por causa da lesão no joelho também, mas fui muito feliz na base. Tentei por alguns empréstimos, mas chegou um momento que o Verona fez uma proposta para comprar e eu achei que já tinha dado aquela questão. Mas é um grande clube, onde aprendi o que é futebol de verdade”. 

Quer se manter atualizado sobre todos os jogos em andamento? Então acesse o site do 365Scores e saiba quais são os jogos de hoje, confira tabela de pontos atualizada, além de ficar por dentro da classificação e das principais notícias.

Desenvolvido por 365Scores.com

Eduardo Statuti

Repórter multimídia do 365Scores, atuo na cobertura de Atlético, Cruzeiro e América-MG. Também escrevo um pouco sobre Fórmula 1 e acompanho de perto a carreira de Hulk, Yuri Alberto e Neymar.

349 Articles

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo