Ex-Vasco, Palmeiras e Grêmio, Kaylan passa a limpo erros do passado e projeta sua “nova” personalidade
Zagueiro com passagens por diversos gigantes do futebol brasileiro, Kaylan, atualmente no Al Dhaid, perdeu a chance de se destacar no futebol brasileiro por ser traído por seu temperamento. Com a cabeça no lugar e após passar pelo “fundo do poço”, o defensor se abriu ao 365Scores e mostrou sua nova personalidade.
“Aquele Kaylan era muito impulsivo. Não pensava, só reagia às ações das pessoas, muito rápido. Não pensava em uma resposta melhor, só fazia sem saber das consequências. Eu não tinha respeito com algumas pessoas. Em algumas situações eu acabava reagindo de uma forma bruta. Às vezes passava do limite, era muito quieto, não era de sorrir muito. Era agressivo dentro de campo, nos treinos, não queria saber de nada mais além do meu sonho, com entradas duras que geram discussões, que eu levava para fora do campo. Perdi muito tempo da minha vida errando”, disse o jogador.
“É um novo Kaylan, errei muito. Quando chega no fundo do poço não tem mais o que fazer. Quando as pessoas te olham e não acham que você precisa de mais uma chance para melhorar. Não é oportunidade, é o Kaylan querer mudar. Trabalhei de ajudante de pedreiro, vendi roupa, me envolvi com coisa errada. Não teve nenhum garoto que teve tanta oportunidade quanto eu, o talento não falta. Acho que precisava estar no fundo do poço”, se abriu zagueiro em conversa por chamada de vídeo com o 365Scores.
“Teve um dia que eu estava trabalhando de ajudante de pedreiro com meu pai, vi minha mão cheia de calo, comecei a chorar, joguei a pá no chão e disse que essa vida não era pra mim. E ele me perguntou: se essa vida não é para você, por que você errou de novo? Por que você está aqui? É isso que te espera se você não for jogador, se continuar errando. A partir daquele dia vi que tinha que acertar, enxergar o erro, me aprofundei mais em Jesus, no evangelho. Eu entendi que o erro não estava nas pessoas, era o Kaylan que estava precipitado, eu estava errando comigo mesmo. Não faltou nada da parte dos clubes”, relembrou.
Futebol cigano
Com passagens por diversos clubes como Chapecoense, São Paulo, Palmeiras, Internacional, Grêmio, Vasco e Volta Redonda, Kaylan deixou diversos clubes por seu temperamentos em muitas oportunidades. Em uma das que a questão foi técnica, por outro lado, o atleta entendeu com normalidade a escolha do clube.
“Alguns times eu fui desligado e outros eu pedi para sair e isso me entristece. Hoje nunca teria pedido para sair de grandes clubes. No São Paulo pedi para sai, fizeram de tudo para eu desistir e deixaram. Eu tinha tudo lá. No Palmeiras, foi um desligamento por opção deles. Mas tinha muito zagueiro, Naves, Henri, o Jhon Jhon. Tinha muito cara bom, ali eu não errei. Fui para o Atlético-MG e aconteceu uma situação que eu me alterei em alguma discussão e para não fazer nada com a pessoa quebrei a porta do quarto. Aí falaram para eu voltar em um dia certo e não voltei”, lamentou o zagueiro.
“Na Chapecoense fui desligado, deve ter a ver com meu comportamento. Fui para o Fluminense, meu empresário resolveu me levar para o Grêmio, fiquei quase quatro anos. Fui desligado por indisciplina. Fui para o Vasco, assinei contrato, renovei, e por um momento de raiva, queria brigar com um companheiro e ele era filho de um cara que já foi jogador do clube. Aí fui para o Volta Redonda, eu só queria jogar. Joguei no Internacional, aconteceu uma situação no treino e eu pedi para ir embora”, completou.
Impacto na chegada aos Emirados Árabes e futuro
Ao sair do futebol brasileiro, Kaylan viajou cerca de 15 horas para chegar aos Emirados Árabes enfrentar sua nova vida. No primeiro contato, o jogador ficou assustado e se sentiu invisível por não conseguir se comunicar com as pessoas.
“Os primeiros três meses são muito assustadores. Três meses terríveis, chorava muito, nas primeiras duas semanas queria ir embora. Mas aí as coisas foram se ajeitando, entendi a cultura, que tinha que escrever minha história aqui. Não entender o que as pessoas estavam falando foi o que me apavorou mais. Parecia que eu estava invisível, você não participava das conversas. Era como um robô, de casa para o treino sem falar. Não tem com quem conversar, desabafar. Em um primeiro momento, não sabia que Instagram e Whatsapp não pega, tem que ter um aplicativo. Fiquei sem falar com minha família, dias sem dormir, só querendo ir embora”, relembrou.
Apesar de já estar habituado ao futebol e a cultura local, Kaylan não esconde o desejo de voltar ao Brasil, ainda que os presentes dados em forma de dinheiro tenham sem valor. Agora, o defensor planeja alçar voos mais altos na carreira.
“Eu só quero ir para casa. É muito gostoso dar uma vida boa para a família, ter suas coisas, viver. Mas quero voltar para casa, curtir minha família. Não esquecer do futebol, mas dar uma respirada. Depois, se for da vontade de Deus, vou priorizar sempre voltar para o Brasil”, admitiu o atleta.
“Eu acho que agora é hora de subir de patamar. Aqui é um lugar muito bom financeiramente, salário em dia, bônus. Mas questão de futebol, você não tem muita qualidade. Me pega muito, por questão financeira é bom, somos acolhidos, não tem doideira de torcida, é seguro, não tem imposto. Mas é cômodo, vi torcida do Vasco, do Palmeiras, é loucura. Eu tenho certeza que um dia vou presenciar. Tenho muita vontade de voltar ao Brasil daqui um tempo. Mas quero jogar, tenho contrato até maio aqui. Já tem alguns clubes sondando”, projetou.
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