Caso Daniel Alves: acompanhe o 3º e último dia de julgamento do brasileiro
O julgamento de Daniel Alves está acontecendo nesta quarta-feira em Barcelona, na Espanha, e chegou ao último dia com a expectativa do depoimento do jogador, visto que pode ser a quinta versão dada à Justiça pelo brasileiro do que ocorreu em dezembro de 2022.
Segundo informações do “ge”, a audiência começou às 11h (de Brasília) com a presença do ex-lateral da Seleção, que veste blusa branca e calça preta. Ele chegou ao local escoltado pela polícia espanhola e sem algemas, que foram retiradas para o acompanhamento do julgamento.
A sessão foi iniciada com profissionais da área médica. Um dos médicos contou que a denunciante chegou ao hospital com um sentimento de medo. “Se via uma garota coerente, que explicava as coisas tal como havia vivido. Ela explicou que havia dado beijos no pescoço e depois quis sair e não pôde”.
Os médicos explicaram as variáveis para a lesão que a denunciante tinha no joelho: “Em quedas, é normal que ocorram hematomas na altura de ambos os joelhos. Estamos diante de uma lesão lateral, na parte externa do joelho. Poderia ter sido contra uma superfície áspera que teria impactado. Estabelecer que esse foi o caso é muito complicado e complexo. Podem aparecer devido a diferentes circunstâncias.”
“Estamos também acostumados a ver casos de violência em que não há lesões físicas. Nesse caso, não encontramos nenhuma lesão, mas não podemos dizer que não tenha nenhuma agressão”, um dos médicos sobre a falta de lesão vaginal.
Além dos médicos, uma psicóloga forense também prestou depoimento. Foi ela, inclusive, que avaliou a denunciante. Segundo a profissional, a vítima não apresentou “nenhum indicador nem nenhuma suspeita” de que “poderia estar exagerando ou simulando”.
Ainda indica que, passados diferentes testes, “uma série de sintomas que se desencadeiam e podem ser vistas na entrevista de que ela tinha uma situação pós-traumática”.
Os outros profissionais forenses apontaram sintomas da denunciante relacionados a estresse pós-traumático, inclusive “ficava muito nervosa quando escutava (alguém) falar (em) português”. Também apresentou estado emocional negativo persistente e alteração no sono.
Pontos abordados pelos forenses:
- “Um dos indicadores da condição de vítima é sentir culpa por algo que de fora está claro”
- “Porque não está tomando a medicação, isso não significa que ela não tenha uma síndrome pós-traumática. Muitos não querem tomar para não estarem sob efeito de remédios.”
- “Quando estamos com uma paciente que sofre com sintomas pós-traumáticos tão variados, é alguém que tem a sensação de perder o controle da vida e das emoções.”
- Um perito forense da defesa diz que “não foi observada nenhuma lesão” na região da uretra, “possivelmente não corresponde o relato” da denunciante, e que isso lhe faz pensar que “o coito não foi tão traumático”.
- A psicóloga forense da defesa insiste que os testes feitos com a denunciante foram superficiais: “Se manteve a linha de que não iríamos explorar nada do que aconteceu. Poderia ter aprofundado mais, e as conclusões têm algumas lacunas”.
- “Pode ter havido um comprometimento significativo das faculdades volitivas e cognitivas, diminuição do estado de alerta, incoodernação motora em uma pessoa que não está acostumada a essa ingestão de álcool”.
As partes vão trabalhar em cima das provas documentais, além de checar os vídeos recolhidos durante a investigação.
Sem permissão para a imprensa ver os vídeos checado no tribunal, é possível ouvir o choro de uma mulher. Além disso, Daniel Alves, enquanto ouve o depoimento, está de cabeça baixa, sem olhar as imagens transmitidas.
Confira o depoimento de Daniel Alves:
“Sai com meus amigos para comer juntos. Era umas 14h30. A princípio íamos só comer. Fazia muito tempo que não nos víamos, então ficamos mais tempo. Pedimos 5 (garrafas) de vinho, um uísque, um saquê. (Tomei) mais ou menos uma e meia, duas garrafas de vinho, um copo de uísque. Depois de sair do restaurante, fomos direto ao bar. Ficamos aí um tempo, tomando uma rodada de gin tônica.”
“Quando saímos daí, nós fomos ao Sutton. Eu e Bruno seguimos, os outros foram para casa. Entre 2 a 3 da manhã. Eu entrei na discoteca e os funcionários me levaram para a reserva da mesa 6. Depois pedi para trocar para a 7 porque a 6 estava longe da pista de dança.”
“Quando chegamos na sala reservada, estávamos eu e Bruno dançando e seguimos por um tempo. Estavam duas meninas lá e ficaram por um tempo. Bruno que chamou as meninas. Um garçom trouxe o champanhe que havíamos pedido. Dançávamos bem próximos, de forma respeitosa. Sim, acho que elas sabiam que era eu porque mais de uma vez me pediram para tirar foto.”
“Ficamos dançando pegado. Por um tempo a dançar mais próximo, começou a roçar suas partes nas minhas. Coloquei a mão e quando começou a pressão sexual, falei para ir ao banheiro, e ela disse que tudo bem. Não falou nada.”
“Quando fui ao banheiro, disse a ela que iria primeiro e ela me deixou esperando um pouco. Achei que ela não viria, pensei que ela não queria vir.”
“Ela estava na minha frente e começamos a relação. Lembro que ela sentou em mim. Não sou um homem violento. Não a forcei a praticar sexo oral forçadamente. Ela não me disse nada. Estávamos desfrutando os dois e nada mais.”
“Baixei as calças, sentei no vaso sanitário, ela se ajoelhou e começou a me fazer sexo oral.”
“Quando cheguei em casa, lembro que ela (a esposa Joana Sanz) estava em casa na cama e dormi na sequência. Sim, estou dizendo o mesmo que das outras vezes. Soube pela imprensa que estavam me acusando.”
“Soube que estavam me acusando de violação sexual. Estava praticamente arruinado porque tive todos os meus contratos rompidos, contas bloqueadas. Fiquei sabendo tudo pela imprensa.”
Considerações finais
O que diz a acusação
Após o depoimento de Daniel Alves, a promotoria voltou a falar e reforçar as acusações ao jogador. O depoimento da vítima foi novamente relembrado pela acusação, que finalizou afirmando: “que viveu uma situação de terror. Foi um relato persistente, crível e duro”.
A promotoria também rebateu a fala de Daniel Alves sobre estar embriagado na boate. “Pelas câmeras, quando ele entra, você vê perfeitamente uma pessoa caminhando normal, acenando para a recepcionista, para os garçons. Quando ele vai embora junto com Bruno, cercado pelos seguranças, não se vê ele cambaleando. Estava normal”, afirmou o promotor.
Além disso, a promotoria afirmou que pela conduta mostrada, Daniel Alves não merece a pena mínima, e adiciona que o jogador “não deu os 150 mil euros para reparar o dano”, e sim porque “foi o auto de fiança; ou paga, ou bens são embargados”.
A advogada da denunciante, Ester García, relembra as falas da vítima e diz que o que é falado por Daniel Alves não condiz com o que realmente aconteceu.
“Não é não. Ela disse ‘quero ir já’. Ele sabia que ela não queria, pois ela tinha manifestado. Ele deu tapas na cara. Ato de humilhação. Ele diz que estava numa posição passiva e ficou sentado todo o tempo no assento. Não condiz com tudo. É impossível”, afirma a advogada.
Ester García reforça o pedido de prisão a Daniel Alves e que a pena seja de 12 anos. “Ele se colocou numa posição totalmente de vítima, que estava numa posição passiva. Isso é um absurdo”.
O que diz a defesa do jogador
Após a fala da acusação, foi a vez da defesa de Dani Alves se pronunciar. A advogada do jogador, Inés Guardiola, começou falando sobre a versão e depoimento do jogador, que foi corroborado.
Inês também afirma que a versão da denunciante é incoerente e fora da realidade. “Não se viu ela incomodada quando se sentou com Daniel Alves na área VIP da boate”. “Eles dançam cada vez mais juntos”, afirma a advogada.
“A violência descrita pela denunciante na penetração é incompatível com a prova pericial médica. Nenhum ferimento nas suas genitais interna ou externa. Corrobora que a relação sexual foi consentida”, segue Inês Guardiola.
A impressão digital da denunciante também foi tema da fala da advogada de defesa. Inês afirma que apenas uma impressão foi encontrada na cisterna, afirmando que seria impossível pelos fatos narrados pela mulher.
A suposta agressão causada por Daniel Alves no rosto da denunciante também é questionada por Inês. Segundo ela, não há registro de vermelhidão ou hematomas, o que é incompatível com a mecânica alegada.
“Foi feita uma tentativa de apresentar o Sr. Alves como um perseguidor. Não é verdade e as câmeras mostraram isso”, diz a advogada, que finaliza pedindo a absolvição de seu cliente. “É essencial avaliar o comportamento anterior para avaliar o consentimento. Havia uma atração sexual entre eles”.
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