Chico, do Bolívar, abre o jogo sobre altitude: “Entendo que se sintam injustiçados”

Por Duda Lima, Eduardo Statuti e Nathália Gomes

A velha discussão sobre jogos na altitude foi reacendida. O motivo? O jogo entre Bolívar e Flamengo, que será disputado nesta quarta-feira. Em entrevista exclusiva ao 365Scores, o brasileiro Chico da Costa abriu o jogo sobre a altitude e ressaltou que os clubes que contam com ela a seu favor não podem ser excluídos do futebol.

Bolívar x Flamengo: informações do jogo da 3ª rodada da Libertadores

“É um assunto muito polêmico. A galera daqui não gosta de tocar nesse assunto porque parece que tira o mérito futebolístico. O fator climático existe em outros lugares também: calor, neve, frio. Mas sem dúvidas o fator altitude é o mais difícil. É difícil respirar, demora para recuperar. É mais proveitoso para nós. Entendo a fala do Tite. Entendo que os clubes que não jogam na altitude se sintam injustiçados e, nesse desespero às vezes de uma derrota, a frustração de não conseguir implementar seu jogo“, explicou Chico.

“Mas seria mais injusto tirar o futebol de um lugar que as pessoas nasceram aqui, merecem ter o futebol aqui. É um tema complicado, mas no final das contas, se a vantagem fosse tão grande, um time boliviano já teria conquistado a Libertadores. A gente leva uma vantagem, mais por conhecer não só o fator do ar, mas a bola mais rápida, o campo. Mas sei que não tira nossos méritos”, complementou o atacante do Bolívar.

As falas de Tite citadas pelo jogador ocorreram em março de 2022. Em entrevista coletiva, o técnico explicou que seu time não seria tão vertical porque a altitude não permite e classificou a condição de jogo nos 3.600 metros como desumana.

Tempo de adaptação à altitude

Muito se fala no mundo do futebol sobre a melhor estratégia para lidar com a altitude. Alguns apostam em chegar o mais perto da partida possível, outros chegam dois dias antes, mas para Chico, a adaptação total levou muito mais tempo.

“Fisiologicamente, tem a explicação de duas semanas. Mas para pegar ritmo foram meses. Acho que uma questão geral, ritmo de jogo, treino, vida pessoal, em um mês me adaptei. Ainda tenho resquícios, converso com pessoas daqui e não sei por quê, sinto mais dificuldade na sexta à tarde”, explica.

“Todos perguntam da altitude. É um contexto da América do Sul. O brasileiro não conhece, nosso terreno não tem altitude. Eu me sinto adaptado, mas nunca é igual. Quando eu cheguei, a adaptação foi difícil, porque interfere na vida pessoal, no sono, dor de cabeça. Mas depois que se adapta, a gente tira esse fantasma. É difícil jogar aqui, temos esse conhecimento”, relembra Chico.

“Mas hoje a altitude não é mais um fantasma. Minha primeira experiência com altitude foi no México, foi impactante, provar dentro de campo que é mais difícil respirar. O que sinto, aqui os times da Bolívia que estão no nível do mar, rendem melhor do que os times de fora. Talvez pelo corpo criar uma memória e eles não se assustam tanto. Tem esse fator físico, mas também um fator emocional”, disse o jogador do Bolívar.

Estratégia do Flamengo para não sofrer na altitude

Assim que o sorteio foi realizado, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, lamentou o grupo caído pelo clube devido à altitude.

“Eu já comentei, jogar na altitude é um problema para todos os clubes brasileiros. Historicamente é um problema. E a logística muito complicada também, né? Então basta ver ali quem acabou pegando altitudes mais baixas ou no nível do mar, seria melhor. Mas não para escolher, vamos jogar onde precisar””

Com isso, a comissão técnica elaborou um planejamento para que os atletas não fossem tão impactados. No último domingo, o preparador físico do clube, Fabio Mahseradjian, revelou que a delegação chegará ao estádio Hernando Siles perto do horário do jogo, adotando a estratégia de chegar o mais próximo do encontro.

“A nossa estratégia de chegar na hora do jogo é para você evitar o que nós chamamos de mal agudo da montanha. Quando você põe o pé nessa alta altitude na hora você começa a ficar ofegante, a hiperventilar. Você não percebe que você começa a hiperventilar. Com o tempo passando, os efeitos dessa exposição começam a vir. Quais são? Uma dor de cabeça intensa, náusea, ânsia de vômito. É por isso que nós optamos por chegar próximo”, afirmou.

“Quanto mais você sobe, menor é a densidade do ar. E aí você afeta a captação de oxigênio o seu alvéolo pulmonar, porque a pressão parcial de oxigênio cai”, disse.

“Isso não vai aumentar a performance. A performance da equipe já vai estar comprometida. O desafio é recuperar esses atletas e tentar, pelo próprio histórico desses atletas, saber quem sente mais ou menos atuando nessas altas altitudes, como é La Paz a 3.600 metros”, completou o preparador físico.

As equipes se enfrentam nesta quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), em La Paz, pela 3ª rodada da fase de grupos. Acompanhe em tempo real com o 365Scores.

Ricardo Rocha e a dificuldade com a altitude

Ao “Basticast”, o ex-jogador e atual comentarista Ricardo Rocha reforçou a dificuldade em jogar na altitude. “Não dá pra analisar um jogo lá. Eu peguei avião, cheguei no dia, fiquei 15 dias, 20… passei por todos os estágios ali e mesmo assim passei mal. Só vi dois caras correndo: Cafu e Mazinho. De resto…”, disse.

Bolívar x Flamengo: odds para o confronto

Segundo o site oficial da Sportingbet, o favorito do duelo da Libertadores é o Bolívar com odd 2.30. O Flamengo tem odd 2.95, enquanto o empate está com odd 3.50.

Conheça Chico da Costa, destaque do Bolívar

Artilheiro e esperança do Bolívar na Libertadores 2024, o brasileiro Chico da Costa é um dos principais nomes da equipe boliviana para a temporada. Autor de oito gols e cinco assistências em nove jogos, o atacante vive bom momento e busca manter seu time no topo do país.

Chico da Costa tem 66 gols e 23 assistências em 171 partidas oficiais na carreira, sendo 107 como titular. São três títulos de relevância: Supercopa da Colômbia de 2023 pelo Atlético Nacional, e a Copa Tigo (2023) e o Campeonato Boliviano pelo Bolívar – sendo o último artilheiro com 10 gols.

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