Um caso chamou a atenção na última sexta-feira, poucos dias antes do início da Copa do Mundo. O Marrocos divulgou os relacionados para a competição, porém com uma ausência notável: o atacante Munir El Hadadi, que disputa a Liga Espanhola pelo Getafe.
Embora não esteja vivendo uma fase boa na temporada – ele tem apenas um gol marcado em oito partidas -, a repercussão se deu por outro motivo. A Federação Marroquina de Futebol se esforçou para que ele pudesse defender o país, mesmo já tendo vestido a camisa da Espanha. A briga durou cerca de três anos e fez com que a Fifa mudasse uma regra para o futebol de seleções.
A história começou em 2014, quando Munir estreou pelo Barcelona como profissional após ser destaque no time B do clube catalão. Filho de pai marroquino e mãe espanhola, o atacante poderia ter escolhido qualquer uma das seleções. No entanto, ele foi chamado pela Espanha para defender o sub-21.
Quando estava na concentração, o atacante Diego Costa, da seleção principal, sofreu uma lesão, e Vicente del Bosque pegou Munir “emprestado” da equipe sub-21. No jogo seguinte, o treinador optou por usá-lo contra a Macedônia, pelas Eliminatórias da Eurocopa, aos 32 minutos do segundo tempo. Ou seja, o tempo em que o atacante passou em campo foi o suficiente para que a Fifa atrelasse o jogador à seleção europeia, segundo as regras vigentes na época.
Nos anos seguintes, o jogador perdeu espaço no Barça, principalmente devido ao auge do trio Messi, Suárez e Neymar. Foi emprestado ao Valencia e ao Alavés, e nunca mais brilhou, ficando distante de uma nova convocação para a Espanha.
Em Marrocos, no entanto, Munir era considerado como peça importante para a equipe. Porém os minutos disputados pela Espanha impediam que ele fosse convocado por outra seleção. A Federação Marroquina de Futebol entrou com um pedido na Fifa em 2017 para ter o jogador no Mundial de 2018. Não deu certo.
A batalha seguiu nos próximos anos, e em 2020 o Marrocos voltou a insistir e chegou a convocá-lo, mas o pedido foi negado novamente. Em 2021, diante da insistência dos marroquinos e do aparecimento de outros casos semelhantes, a Fifa mudou a regra de elegibilidade para seleções, criando um limite de três partidas, entre outros pontos, para flexibilizar possíveis mudanças. Na época, a mudança foi chamada de “emenda Munir”.
Desde março de 2021, quando a alteração na regra aconteceu, o atacante disputou 11 partidas e marcou dois gols. Ele era dado como certo na lista final de 26 jogadores, mas o treinador Walid Regragui optou por outros nomes, entre eles dois com pouquíssima experiência na seleção: Abde Ezzalzouli, ex-Barcelona e atualmente no Osasuna, e Walid Cheddira, nascido na Itália, que defende o Bari.
Veja a lista do Marrocos para a Copa:
Marrocos estreia na Copa no dia 23 de novembro, às 7h (de Brasília), contra a Croácia. Completam o Grupo F do Catar Bélgica e Canadá.
